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Posição da Associação Barreiro Património Memória e Futuro face à prevista intervenção na antiga Estação Ferro-Fluvial

Face a notícias recentemente divulgadas de que a antiga Estação Ferro- Fluvial Barreiro-Mar seria objecto de um projecto de intervenção protocolado entre a IP – Infraestruturas de Portugal – e um investidor privado com vista à sua revitalização, a Associação Barreiro Património Memória e Futuro (ABPMF) vem tornar pública a seguinte posição:

Com base na percepção da importância histórica e memória social constituída pelo vasto legado ferroviário existente no Barreiro, em 2013 um grupo de cidadãos barreirenses constituídos em Movimento Cívico de Salvaguarda do Património Ferroviário do Barreiro desencadeou junto do Ministério da Cultura (DGPC) um pedido de classificação de um conjunto de edifícios e bens culturais, que incidiu sobre os seguintes elementos:

1.       A primeira Estação Ferroviária do Barreiro construída em 1859 (actuais Oficinas EMEF);

2.       A Estação Ferro-Fluvial/Gare Marítima do Barreiro- Mar, inaugurada em 1884;

3.       A Rotunda das Máquinas Locomotivas, construída em 1885;

4.      O Palácio Coimbra, edificado cerca de 1860;

5.      O Bairro Ferroviário, iniciado em 1935.

Conforme Parecer do Conselho Nacional de Cultura estamos «perante um conjunto de excecional significado, duma dimensão rara (…) como um lugar/sítio/paisagem únicos no território português.»

Assim, ao fim de um longo processo administrativo iniciado em 2000, a DGPC deliberou em 2018, através da publicação no Diário da República 2ª Série, nº 30 de 12 de fevereiro, a declaração EM VIAS DE CLASSIFICAÇÃO do «Complexo Ferroviário do Barreiro».

Apesar de a antiga Estação Barreiro -Mar se encontrar desactivada desde 2009, a notícia recentemente divulgada – a concretizar-se -, deverá constituir um contributo positivo no sentido da revitalização de um imóvel de características únicas em Portugal e na Europa. Apenas existem dois exemplos conhecidos de estações ferro-fluviais: a do Barreiro e a de Santa Lucia em Veneza.

Considerada já há muito como Monumento pela população barreirense, e fazendo parte de um conjunto que poderá vir a ser classificado como «Monumento de âmbito Nacional» conforme Parecer do Conselho Nacional de Cultura, a ABPMF alerta que, qualquer intervenção com vista ao desenvolvimento de actividades económicas ou lúdicas que venham a ser desenvolvidas na antiga Estação, deverão respeitar traça arquitectónica, a volumetria, a autenticidade, o perfil, a graça e beleza do imóvel, sob pena de se perder a sua genuinidade e o seu valor único, a merecer maior celeridade na conclusão do processo de classificação. de forma a que a adjudicação não seja feita antes da classificação, porque só assim teremos a certeza de que o bem será salvaguardado na  integralidade do seu justo valor.”

A Associação manifesta, uma vez mais, às entidades intervenientes no processo especialmente à DGPC, a sua total disponibilidade para, na medida das suas capacidades, prestar todo o apoio que estas venham a necessitar da sua parte.

Associação Barreiro Património Memória e Futuro

17-2-2020