ComunicadosPatrimónio Moageiro

O ARRASAMENTO DO MOINHO DE MARÉ PEQUENO

O PAPEL DA ASSOCIAÇÃO BARREIRO – PATRIMÓNIO, MEMÓRIA E FUTURO

A ABPMF tomou posição pública CONTRA o arrasamento do Moinho de Maré Pequeno.
Quais as razões que a levaram a tomar esta atitude?
O Executivo da Câmara do Barreiro afirma que promoveu a destruição do edíficio do moinho com o objectivo de o recuperar em termos de património cultural. Contudo, nunca foi tornada pública a forma dessa recuperação, nem o que irá funcionar no novo edifício.
A situação é clara: se era uma recuperação que se pretendia, tal já não é possível. Uma recuperação de um bem patrimonial cultural tem de obedecer a regras bens estabelecidase, assenta na utilização do que resta das ruínas, assim como dos materiais ainda existentes, para poder assumir todo o seu valor histórico, cultural, social e turístico. Uma recuperação deve repôr, tanto quanto possível, as funções que esse edifício desempenhava.
Desta forma conclui-se: se o antigo edifício era um moinho, a recuperação deve ter como objectivo recuperá-lo como um moinho. Aliás, nos Concelhos vizinhos da Moita, do Montijo, do Seixal e de Setúbal existem exemplos bem claros deste tipo de recuperação em moinhos de maré.


Porque é que esta preocupação esteve na origem da tomada de posição da Associação? Porque, como se viu, a recuperação do antigo edifício já não é possível. Dele restam somente as três bocas de água e uma parte mínima da muralha de embasamento. Portanto, trata-se da construção de um novo edifício que nada tem a ver com o antigo. Além disso, de acordo com a limitadíssima informação prestada pela Câmara, o projecto não prevê a recuperação de um moinho, mas construção de um edifício descaracterizado.
Mas que mal tem utilizar o espaço do antigo moinho para construir um novo edifício com outras funções?
Resumidamente a questão é a seguinte: o Moinho Pequeno estava inserido num espaço classificado como Sítio de Interesse Municipal, por isso estava protegido pela dita classificação. Coisa que, como é obvio, foi completamente ignorada. Mas, para além deste, existe ainda um outro problema muito importante: o conjunto do património cultural do Barreiro, no qual o Moinho Pequeno se inseria, tem valor muito significativo como atracção turística cultural, que pode desempenhar um importantíssimo papel no desenvolvimento económico, social e cultural do Concelho.
Assim se saiba utilizar este valor no sentido correcto e a favor da qualidade de vida de todos os barreirenses. Contudo, o modo como agora se procedeu e o projecto que se defende, opõem-se frontalmente a este objectivo, dado que o novo edifício, completamente descaracterizado, não possui valor turístico cultural.
A ABPMF tomou esta posição não por “dor de cotovelo” como alguns terão afirmado e muito menos por capricho. A sua obrigação consiste em defender os legados do passado que constituem um bem precioso do Barreiro, de forma a salvaguardar a sua utilidade a favor de todos os barreirenses.

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