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Crime Patrimonial e Ambiental em Alburrica – Barreiro!

Em 4 anos a Câmara Municipal do Barreiro arrasou 2 Moinhos de Maré e destruiu o  sapal de uma caldeira

Moinho de Maré Grande já não existe, foi arrasado como o Pequeno, também já o tinha sido, pela Câmara Municipal do Barreiro. A riqueza cultural/identitária/económica deste bem patrimonial de arqueologia industrial morreu!

E como doí ver que nada sobrou nem paredes, nem arcadas, nem mesmo a estacaria sobre a qual o moinho se encontrava construído, tal como acontece com a Lisboa Pombalina!

Não se percebe esta opção pela destruição, quando especialistas afirmam que os moinhos são importantes não só  para o Barreiro como  para todo o Estuário do Tejo. São tão importantes à nossa escala, como o Coliseu é para Roma, e apesar de ter partes em ruína, nunca passou pela cabeça de ninguém, em Itália, arrasá-las para fazer paredes novas.

E, mesmo que possam fazer um edifício igual, coisa que não corresponde à realidade, basta vermos o projecto e a memória descritiva, para a UNESCO este antigo monumento já não terá o valor patrimonial que possuía, mesmo em ruínas.

Esqueceram-se que existem regras para o restauro e conservação deste tipo de património e paisagem industrial, mostrando desconhecer as boas práticas plasmadas em diversos documentos nacionais e internacionais. Esqueceram-se que não  se pode actuar ignorando a importância do bem patrimonial a conservar e a paisagem em que se inscreve e ajudou a moldar , como é o caso de Alburrica. Esqueceram-se que antes de tocar no Moinho Grande era necessário  um conjunto multidisciplinar de acções a desenvolver : uma investigação histórica, um levantamento arqueológico, uma interpretação mecânica, um levantamento do estado de conservação do património industrial, etc…

Alguns dirão que estavam em ruína, que o local estava abandonado, que era tempo de apagar estas cicatrizes. Porém, Alburrica e o seu património é um caso muito especial na Área  Metropolitana de Lisboa, enquanto Paisagem Cultural ou Paisagem Humana Evolutiva, (UNESCO) por isso a sua classificação como Sítio de Interesse Municipal para preservação moageira, ambiental e paisagística. Mas, também a sua classificação ambiental que a integra na Rede Ecológica Nacional. Por  exemplo as caldeiras dos moinhos de maré são sapais e portanto zonas prioritárias de restauro por razões ecológicas e ambientais. E Assim, do ponto de vista ambiental, outro crime foi cometido. A caldeira está seca e o seu ecossistema morto. Como é possível receber dois milhões de euros de fundo comunitários, para destruir um sapal? Gostaríamos de ter resposta para partilhar convosco, mas até hoje, nenhum organismo respondeu às nossas interrogações.

António Nabais designava estes engenhos de moagem de maré como “monumentos de arqueologia industrial”, por eles passou parte significativa da nossa identidade que é necessário conhecer e reconhecer para podermos continuar a construir o nosso futuro como pessoas de corpo inteiro, coesas socialmente, inovadoras e não seres desenraizados e alienados.