ComunicadosDestaque

PATRIMÓNIO, ALGUMAS BOAS NOTÍCIAS, OUTRAS NEM TANTO

          1.   DEFINIR ESTRATÉGIAS NA ÁREA DO PATRIMÓNIO

      Não basta a manifestação de interesse dos órgãos autárquicos sobre o riquíssimo património da nossa terra e o seu aproveitamento sustentado, é preciso definir claramente estratégias e prioridades que o PDM de 1994 não tem e que a sua revisão e actualização obriga. Na área Químico-Industrial está aprovado o “Interesse Público”, que saudamos. Na área Ferroviária existe um impasse provocado pela CP que o executivo da CMB não ajuda a desatar. Nas restantes áreas: Moageira, Piscatória (cadê o Barco da Muleta?), Manufactureira/Corticeira, Cultural/Imaterial, o que se pensa/deve fazer? Como Associação com preocupações e intervenção cívica gostaríamos de participar neste processo. O turismo vocacionado é uma opção de futuro no Barreiro e uma via do seu desenvolvimento económico e social.

  • CLASSIFICAÇÃO DE INTERESSE PÚBLICO NA ÁREA QUÍMICO-INDUSTRIAL

      A aprovação em 2019 pela DGP do “Interesse Público” de vários sítios do antigo complexo Químico-Industrial da CUF/Quimigal, teve agora sequência lógica na regulamentação a que tais locais ficam sujeitos, publicada em 19 de outubro de 2020, que saudamos. O Bairro Operário de Santa Bárbara, o edifício que foi do Grupo Desportivo e depois da Comissão de Trabalhadores, os edifícios primordiais em “tijolo burro”, a Moagem de Pirites, o Silo do Cais, a Casa-Museu e o Mausóleo de Alfredo da Silva, o Posto-Caserna da GNR e da PIDE, o Museu Industrial/Central a Vapor, foram justamente considerados. Como na devida altura chamámos a atenção faltam: A área dos Tecidos/Zona Têxtil, os Portais do Cais/Guindastes, o Silo do Sulfato de Amónio, a Esfera de Amoníaco e as três chaminés sobreviventes (Granulação 4, Tratamento de Cinzas e Kowaseiko).

  • A NÃO CLASSIFICAÇÃO DA ÁREA FERROVIÁRIA

      A classificação da área patrimonial ferroviária com destaque para: Estação Barreiro-Mar; Oficinas: Rotunda:  Bairro Ferroviário e o antigo Material Circulante, foi solicitada há mais de três anos em processo elaborado pela ABPMF, a que a Direcção Geral do Património deu adequada sequência. Uma das principais interessadas na preservação da memória dos comboios ligados ao Barreiro desde 1854, a CP, por razões pouco claras, obstaculizou a declaração de “Interesse Público” e o processo caiu num impasse. Seria interessante saber o que a CMB tem feito para ultrapassar esta solução de continuidade e, para além da declaração de boas intenções, o que vai fazer em relação a outras áreas importantes: Palácio do Coimbra, Doca Seca, Dormitório, Armazém de Víveres, etc.

  •  MOINHO DE MARÉ GRANDE (SERRAÇÃO)

      O projecto de recuperação do Moinho de Maré Grande, que foi de moagem desde a construção (1652) e Serração nos finais do século XIX , pelo que foi divulgado, parece obedecer a critérios de rigor  histórico e científico. Pena que o mesmo não tenha sido feito com o Moinho Pequeno mas nunca é tarde para aprender com os erros mal calculados. Colocando-nos à disposição para colaborar na discussão da concretização do projecto e lamentando que tal não tenha sido feito até aqui, avançamos duas questões essenciais: as iniciativas na área histórico-paisagística-ambiental de Alburrica não podem (não devem!) ser avulsas, tem de integrar-se num plano global estratégico; a participação cívica das associações e de cidadãos interessados só enriquece as realizações e a vida democrática.

  • UMA ESTRATÉGIA PARA ALBURRICA E BARREIRO ANTIGO

      Algumas intervenções em curso na área normalmente designada por Barreiro Antigo, como que “caídas do céu” (Rua do Instituto dos Ferroviários, área ribeirinha da “Grancor”) obedecem a algum projecto/plano estratégico de recuperação/requalificação da zona? Não conhecemos nenhum plano para esta área (nem para outras!) e todos sabemos que a gestão autárquica não deve ser feita por “navegação à vista” e de acordo com os calendários eleitorais. A questão da preservação e valorização do património que nos move, não pode ser desligada das questões centrais do desenvolvimento económico, social e cultural de que o Barreiro carece e que as memórias vivas potenciam.

  • QUINTA DO BRAAMCAMP, A VIDA DÁ-NOS RAZÃO!

      Contínua pendente em tribunal o processo que com outros intentámos contra a decisão desgraçada de construir prédios de habitação na área da antiga Quinta do Braamcamp, destruindo uma zona histórica de interesse paisagístico, de lazer, ambiental e patrimonial (moageiro e piscatório). Esperamos que o bom senso e a legitimidade histórica e cívica iluminem os decisores judiciais, num tempo em que o usufruto do lazer ao ar livre com espaço e os aerossóis de salmoura do rio que “matam os bichos”, são a melhor prevenção contra as pandemias. Que também tem a sua origem nos excessos de ocupação e de destruição que têm sido feitos na natureza terrestre cada vez mais ameaçada. A Quinta Braamcamp integrada na área esplendorosa de Alburrica, é um legado inalienável que deixamos aos vindouros. Caso contrário, a história nos julgará!

A Associação Barreiro- Património, Memória e Futuro

2020-11-30